Santiago Peña, que se encontrou com o presidente Lula, afirmou que as condições ambientais impostas são muito severas para uma região em desenvolvimento
16 de maio de 2023, 20:14 h Atualizado em 17 de maio de 2023, 00:34
Santiago Peña em Brasília, 16/05/2023 (Foto: @SantiPenap)
247 — O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, expressou apoio a um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mas, seguindo a posição do governo brasileiro, afirmou que as condições ambientais impostas pelos europeus são muito severas para uma região em desenvolvimento, segundo o Valor.
Os negociadores do Mercosul já informaram à UE que rejeitam a inclusão de sanções no documento de compromissos ambientais.
Peña, que se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília nesta terça-feira (16), também mencionou a importância de desenvolver o Paraguai considerando seus interesses e os de todos os países do Mercosul.
“Nós estamos a favor desse acordo e também compartilhamos da visão do Brasil de que algumas restrições, principalmente em termos ambientais, são muito duras para uma região do mundo que precisa se desenvolver. E precisa se desenvolver sendo cuidadoso com o meio ambiente”, disse. “Eu sou muito consciente do desafio que o Paraguai tem nesse sentido. O Paraguai é um país muito grande, que está se desenvolvendo. Mas temos que fazê-lo em função também dos interesses do Paraguai, dos paraguaios e de todos os países do Mercosul.”
Venezuela
Ele não discutiu o possível reingresso da Venezuela no Mercosul com o presidente Lula, que será tratado na próxima reunião do grupo, em agosto, mas afirmou que não imporia condições para restabelecer as relações com o país governado por Nicolás Maduro. Ele comunicou sua decisão de restabelecer as relações com a Venezuela por telefone ao presidente Maduro.
“Restabelecer as relações com a Venezuela é uma decisão que anunciei antes das eleições. Nós sempre tivemos relações com o povo da Venezuela, através de seu país. Mas isso não impede que tenhamos uma posição crítica ante a ausência do respeito aos direitos humanos e à realização de eleições. Nesse sentido, nós não colocamos condições para restabelecer. Nós vamos restabelecer”, disse. “Falei com presidente Maduro por telefone. Comuniquei por telefone minha decisão de restabelecer relações e trabalhar no processo de integração de nossos países.”
Itaipu
Peña também abordou a revisão do anexo C do tratado de Itaipu, que trata dos termos financeiros e da comercialização de energia. Ele expressou o desejo de ter uma discussão mais ampla com o Brasil, buscando ir além dos interesses puramente financeiros. O presidente eleito enfatizou a visão de desenvolver o Paraguai através do uso da energia de Itaipu, em vez de apenas vender o excedente para o Brasil. Ele destacou que, após 50 anos da construção da usina, é necessário definir os objetivos para os próximos 50 anos e propôs que Itaipu seja uma fonte de desenvolvimento no processo de integração entre os países.
“Há 50 anos, o objetivo do tratado foi construir e pagar uma hidroelétrica; 50 anos depois, se cumpriu esse objetivo. Agora, a pergunta é o que queremos para os próximos 50 anos. E a proposta do Paraguai é que Itaipu seja uma fonte de desenvolvimento no processo de integração.”